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INTRODUÇÃO

Há uma acção humana a partir da qual se revela uma parte dos mecanismos lógicos de apropriação do espaço urbano: o caminhar. É verdade que a introdução dos transportes motorizados colectivos e individuais veio alterar a percepção que temos dos lugares, por um lado, e dos caminhos que unem esses lugares, por outro. 
Neste sentido, a cidade é a reunião dos lugares que se opõem pelo seu uso social e que emprestam um espaço e um tempo às instituições. Estas, por seu turno, vão transformá-los em lugares específicos enquanto suportes dos seus simbolismos e das suas práticas. Assim, verificamos que a complexa rede de caminhos percorridos a pé ou em transportes variados determinando as lógicas de mobilidade tece também uma espécie de narrativa compósita onde a história da cidade se torna visível.
Todavia, o que se passa de dia não é idêntico a o que se passa de noite. E este facto compreende-se muito bem, pois de algum modo, a imagem da cidade, como representação colectiva, constrói-se através da reunião das impressões que o percurso desses caminhos nos suscita, a nós, seus habitantes. É que esses caminhos, sobre a forma de ruas, avenidas, pontes, viadutos, túneis, etc., não são apenas canais de circulação. Aliás, como elementos semi-arquitectónicos eles articulam as relações entre lugares e conferem um carácter específico ao espaço urbano. A noite, porém, mostra-nos uma outra cidade que vai emprestar uma significação diferente à experiência de todos os seus percursos. Os caminhos e o acto de os percorrer, os lugares e as ligações entre eles, o tempo dos percursos e o espaço percorrido, a condição do habitante que se torna caminhante – eis o que essencialmente interessa a este seminário.

TEMAS

Lugares da Noite

De um sítio para o outro percorremos os espaços significativos da noite na cidade cuja disposição permite ordenar no território os espaços do poder, da memória e do desejo. 

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Cenografias com Luzes

A noite altera as condições nas quais o "espectáculo" da cidade nos convence que o artificial pode ser "naturalizado", abrindo o caminho ao sonho e ao medo.

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Mobilidades Nocturnas

Toda a acessibilidade se modifica mais ou menos com o cair da noite na cidade. Não é só o “perto” que constrasta com o “longe” - as transgressões nocturnas tornam-se fáceis e as inacessibilidades diurnas cessam alterando um sistema de circulação que pode ser apreciado em, pelo menos, três dimensões: a geográfica, a da propriedade e a dos valores.

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