PROJECTOS DE MESTRADO
Comunidade e Ecotopia. Restituição vivencial a partir da ruína do Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão
(Fevereiro de 2021 - Fevereiro de 2023)
Orientando: Sílvia Alexandra Ferreira Rodrigues
Orientação: Daniel Santos de Jesus, Jorge Firmino Nunes
Sugere-se uma reflexão – figurada adiante enquanto projecto de arquitectura - acerca da necessidade de reinventar um modo de vida capaz de corresponder aos desafios climáticos, ambientais, sociais e pessoais em que as circunstâncias presentes nos implicam. O mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão, em Mangualde, acolhe uma proposta de residência sustentável, convocando a herança vivencial monástica através da analogia com práticas pretéritas de comunhão social, espiritual e ambiental.
O projecto constitui-se como compromisso entre três tempos: à vista de um presente que reclama uma acção transformadora, fundamo-nos no passado capaz de garantir a confiança do saber e da experiência, e desafiamos o futuro com a liberdade do projecto, a reabrir a possibilidade de novas concepções vivenciais. O monasticismo referencia a base pretérita para a consolidação da leitura de uma continuidade histórica, através da importância conferida à conservação da ruína, tanto num sentido material como no sentido analógico da apropriação, constituindo-se como referência no albergar de um programa multifuncional. Deste farão parte espaços de reunião, convívio, formação, cultivo e introspecção, que possam acolher actividades de subsistências e convivência no lugar.
A ruína assume, deste modo, papel de mediação entre a memória passada - herança do monasticismo -, a rotina actual - competências programáticas necessárias à ocupação presente-, e as pretensões de sobrevivência futura – tanto do objecto físico, como da sua significação simbólica ou imaterial. Associada à reinterpretação da habitação vernacular da Beira Alta, a sua reabilitação torna-se instrumental para alcançar os propósitos idealizados.
Inicia-se assim, a viagem utópica sobre um cenário idealizado, com base em memórias de um lugar entretanto abandonado, cuja inscrição em meio rural sempre se traduziu historicamente como paradigma de sustentabilidade.
A caminho dum Êxodo Urbano. (Re)Imaginar o contexto rural de Pampilhosa da Serra para uma vivência sustentável e ecológica.
(Setembro de 2019 - suspenso)
Orientando: Duarte Gonçalves
Orientação: Daniel Santos de Jesus
Este Projecto Final de Mestrado visa fazer uso dum olhar critico sobre o contexto da vivência nas grandes metrópoles, para sugerir uma reocupação do território interior rural de Portugal, que por sua vez se encontra abandonado e descaracterizado.
Como jovem adulto e arquitecto em formação, mergulhado na crua realidade urbana, contemplando a absurdez do status quo, vejo-me sem perspetivas dum futuro compatível com valores com os quais me identifico. Os mecanismos sociais e económicos que ditam as possibilidades da vivência contemporânea tendem a limitar o potencial da consciência humana, afastando-nos da nossa própria natureza e do contexto biofísico de que fazemos parte integral.
Deste modo, tomo este trabalho como uma oportunidade de imaginar uma alternativa, um caminho a trilhar, tendo por base projetos pioneiros no campo da ecologia e sustentabilidade.
Coloco em questão hábitos e vivências consideradas normais que moldam a nossa presença no meio em que nos encontramos, sugerindo diferentes noções de consumo e produção, de modo a criar um contexto mais justo, acessível e saudável, tendo como catalisador a procura pela qualidade de vida.
O trabalho visa então estabelecer uma perspetiva fundada na possibilidade de uma inversão do processo de despovoamento característico do território interior do país, imaginando o cenário dum “Êxodo Urbano”, estudando as logicas socioeconómicas facilitadoras dum tal processo e as lógicas de habitação e ocupação do espaço que lhe são inerentes.
Estas são aplicadas ao contexto do conselho de Pampilhosa da Serra, que se encontra numa situação precária, especialmente após os incêndios devastadores de 2017, cujas entidades de poder municipal se mostraram abertas a propostas de restruturação e revitalização do território.
A Memória do Lugar.
Reabilitar a Herdade do Rio Seco [Vila Nova da Baronia]
(Setembro de 2019 - Setembro de 2020)
Orientando: Ana Filipa Soares Nunes
Orientação: José Duarte Gorjão Jorge, Lucinda Fonseca Correia
Este Projecto propõe uma reabilitação do Monte do Rio Seco [Vila Nova da Baronia, Alvito, Alentejo], onde são abordados os temas Ruralidade, Herdade e Latifúndio relacionados com o caso particular do Monte Alentejano.
As premissas deste projecto assentam no estudo do Lugar, de maneira a compreender o seu passado e a sua história, preservando a sua Memória e respeitando a sua Paisagem.
São apresentadas soluções integradas que resultam numa proposta arquitectónica o mais adequada possível às características culturais, geográficas, físicas e biológicas de forma a seguir uma ética ecológica de não “ferir” o meio e o edificado existente.
Propõe-se alcançar uma mediação cultural que permita recuperar profissões e ofícios autóctones da região (maioritariamente relacionados com o sector primário), no sentido de as transmitir às gerações vindouras e, assim, garantir a gestão integrada do património que compõe este Lugar.
Habitação coletiva Eco-Social. O estudo ecológico da paisagem na resposta à problemática socioeconômica do 2º Torrão, Trafaria
(Novembro de 2018 - Julho de 2019)
Orientando: Igor Prates Neves Fagundes Simões
Orientação: Daniel Santos de Jesus
O presente projeto final de mestrado surge da necessidade de mudar as formas como as quais a arquitetura contemporânea convencional é praticada. As sociedades atuais, de forma geral, já há muito tempo, implementam processos destrutivos e inconsequentes no seu funcionamento. Essas práticas causam impactos negativos não apenas para as próprias sociedades, mas também para o ecossistema como um todo.As ocupações de caráter informal são marcas desses processos nocivos. Populações marginalizadas acabam por ocupar áreas sensíveis do território e as precárias situações socioeconômicas e ecológicas tendem a se agravar. Existe, então, um conflito entre as formas de ocupação humana do território e a capacidade dos contextos biofísicos desses espaços ocupados.Este trabalho tenta conciliar as necessidades humanas e as necessidades do ecossistema, focado na ocupação do território e numa proposta habitacional, dentro do contexto específico de uma ocupação informal, o bairro do 2º Torrão, na Trafaria.
(Re)pensar a Aldeia.
Para uma nova ideia de ruralidade. Projecto para a aldeia de Broas
(2017 - Março de 2019)
Orientando: Maria Teresa Valadares
Orientação: José Duarte Gorjão Jorge, Daniel Santos de Jesus
A presente proposta de projecto final de mestrado surge do interesse pela arquitectura tradicional e consiste no estudo de um projecto de arquitectura que propõe uma reocupação tradicional, tendo em conta a preservação da memória, da história, de uma forma geral, da identidade e do lugar, bem como da expressão cultural da paisagem, expressa na arquitectura.
Os que viviam no campo, viram-se obrigados a ir viver para a cidade. Deixou de ser necessário recorrer ao que a terra fornece e, o que antes identificava a própria cultura, hoje não passa de uma memória. É necessário reconstituir a memória dessa cultura, de modo a manter presente a identidade original dos lugares para uma evolução natural da arquitectura e da cultura.
Este trabalho faz apelo a uma nova atitude para com a reabilitação e reocupação rural, o que implica uma nova abordagem à habitação rural concentrada, onde os actuais programas de repovoamento devem reflectir sobre o novo paradigma de regresso ao campo, não apenas centrado na recriação nostálgica do passado, mas sobretudo numa visão social e económica do habitar a terra.
Ruralidades Alternativas. Contributos do projecto de arquitectura para uma restruturação dos modos de vida rurais na Aldeia Urzal, em Mafra
(2017 - Março de 2019)
Orientando: Mariana Ureña Prieto
Orientação: Daniel Santos de Jesus, José Duarte Gorjão Jorge
O presente trabalho desenvolve uma abordagem à problemática do futuro que se adivinha naquilo que subsiste das aldeias portuguesas sem que estas tenham de se resignar a transformarem-se num simples escape para os citadinos, levantando questões e apresentando propostas para solucionar os seus problemas, articulando-as com os núcleos urbanos. O estudo circunscrever-se-á a uma zona de intervenção, tendo como objectivo principal reabilitar e revitalizar a Aldeia Urzal, inserida na Freguesia de Carvoeira do Concelho de Mafra, Distrito de Lisboa. Pretende-se, assim, estudar os modos de vida rurais e a sua arquitectura, a estrutura socioeconómica e sociológica do lugar, a estrutura da paisagem, entre outras temáticas, de modo a entender as transformações dos espaços rurais até aos dias de hoje. Em primeiro lugar, evidenciam-se as principais razões que fundamentaram o não-ordenamento do território e a edificação sem articulação com o meio, que conduzirão a danos irreversíveis ao território e às próprias condições de bem-estar dos habitantes. Em alternativa à presente situação, sugere-se uma proposta arquitectónica adequada para restaurar a identidade local através de uma renovação do conceito de aldeia assim como a implementação de novas funções com base nas especificidades do lugar, visando estabelecer, se possível definitivamente, uma ética ecológica na construção e na concepção arquitectónicas.
Para uma arquitetura no lugar: Uma metodologia para o projeto do mosteiro de Nossa Senhora do Rosário
(Novembro de 2017)
Orientando: Vasco Amaro da Silva Horta
Orientação: José Duarte Gorjão Jorge, Vítor Lopes dos Santos
Este trabalho apresenta uma reflexão sobre o problema da adequação da arquitectura aos lugares, tendo como componente prática o estudo prévio do Mosteiro de Nossa Senhora do Rosário, no Couço, integrado no projecto de investigação “Arquitecturas Auto-suficientes”, do Sustenta – Laboratório de Projecto Sustentável, do Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design, da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa. Procura-se esclarecer as origens e diferentes dimensões da desadequação da concepção da arquitectura aos lugares. Sublinham-se as principais transformações que motivaram a dissolução das práticas vernaculares e tradicionais e a emergência de uma virtualidade predominante, afastada das especificidades dos lugares. Em contrapardida, propõe-se um conjunto de critérios para o que se poderá considerar uma prática adequada, à luz da urgência de uma ética ecológica. Estes critérios são, posteriormente, aplicados no desenvolvimento de soluções de adequação edificatória e bioclimática com base no lugar e na análise do estudo prévio, em que se interpreta, em particular a participação da comunidade monástica na concepção.
Micro-Paisagem: Arquitetura como Nicho Ecológico.
Interpretação e aplicação do conceito de "Edifício-Vivo"
no Projeto de um Mosteiro no Montado de Sobreiro
(Julho de 2017)
Orientando: Manuel da Gama Higgs Pereira Morgado
Orientação: José Duarte Gorjão Jorge, Luís Augusto Rosmaninho
O conceito de edifício vivo (Rosmaninho 2012), surge hoje por oposição à moderna metáfora da “máquina de habitar” (Le Corbusier, 1923). Conceitos homónimos, como living building (McLennan, 2005, Armstrong, 2012), evidenciam a importância desta metáfora biocêntrica no designar de uma abordagem projectual em Arquitectura enraizada num novo paradigma de desenvolvimento e sustentabilidade regenerativo, simbiótico e holístico, de que é o movimento da permacultura um dos mais evidentes exemplos.
Estudando as origens desta metáfora, procurou-se a sua correspondência nas áreas da Biologia e Filosofia, que informam estes métodos de design ecologistas e a sua ética. Nesta senda, concentrámo-nos num conceito que poderá ter uma relevância única tanto para a sustentabilidade como para compreender a própria Vida e a sua arquitectura: o nicho ecológico enquanto lugar do edifício-vivo.
A Niche Construction Theory argumenta que construção de nicho é um processo evolutivo por direito próprio, dado que a herança ecológica é um factor fundamental na evolução epigenética de qualquer espécie. Sendo a arquitectura humana um dos mais evidentes exemplos do impacte deste processo na evolução de uma espécie, de que modo um melhor conhecimento deste processo biologicamente universal poderá capacitar modos de vida e formas de sociedade ecologicamente adaptados, culturalmente adequados e tecnologicamente eficientes?
Também os modos de vida tradicionais encontram os desafios deste novo paradigma de desenvolvimento. O Mosteiro de Nossa Senhora do Rosário, onde vivem as Monjas de Belém, localizadas entre as regiões portuguesas do Alentejo e Ribatejo é o cenário experimental onde se implementa este processo de construção de nicho eco-cultural. Entre planeamento e implementação, estudam-se aqui as linguagens de padrões (Alexander, 1977) da fenomenologia ecológica (Riegner, 1993) do montado, para imaginar as micro-paisagens que possam resultar do entrelaçar da vocação litúrgica desta comunidade monástica com este ecossistema e com a arquitectura rural portuguesa que o originou.