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Paisagem e Património

Metodologias de Requalificação do Espaço Rural
Objectivos (tópicos)

A presente unidade curricular optativa tem como principal objectivo desenvolver uma metodologia de análise e diagnóstico do território numa visão integrada de paisagem, como base para uma estratégia de requalificação sustentável do espaço rural e conservação do seu património em diferentes casos de estudo localizados na Costa do Sotavento Algarvio (Paisagem de Litoral), na seguinte medida:

a) estudar os modos de apropriação humana do território, cruzado com a análise das componentes ecológicas da paisagem e do património cultural, no sentido de diagnosticar as causas do êxodo rural; 
b) determinar potenciais usos sustentáveis do território, associados à exploração rural (agricultura, silvicultura e conservação da natureza) e à auto-eco-construção, com soluções integradas de reconversão, recuperação e requalificação do património existente;

Conteúdos programáticos / Programa

As causas do fenómeno da emigração em Portugal são, à luz dos actuais contextos histórico, social e económico, de difícil compreensão. O problema do despovoamento não só resulta da migração para o estrangeiro, mas sobretudo do interior para o litoral e do campo para a cidade. Assim, as aldeias que outrora tinham um grande peso na economia nacional foram progressivamente abandonadas e despovoadas. Por outro lado, as áreas costeiras são hoje ocupações urbanas sobrepovoadas, apresentando-se descaracterizadas tanto a nível patrimonial como paisagístico. Neste contexto, os novos programas de repovoamento rural devem reflectir o paradigma de regresso ao campo, não apenas centrado na recriação nostálgica do passado, mas sobretudo uma estratégia de habitar a terra. Como tal, propõe-se desenvolver o seguinte programa de trabalhos:
a) Compreender a metodologia Sistema-Paisagem, considerando a Paisagem como um sistema de sistemas;
b) Discutir os conceitos Paisagem, Património, Morfologia, Conservação, Reabilitação e Requalificação;
c) Fundamentar abordagens pluridisciplinares de sustentabilidade;
d) Estudar a problemática das formas de ocupação rural;
e) Conhecer instituições, tutelas e instrumentos de gestão territorial;
f) Desenvolver uma metodologia de análise, interpretação e monitorização do território;
g) Aplicar a metodologia fundamentada nos casos de estudo seleccionados.
h) Desenvolver uma pequena proposta de intervenção arquitectónica em espaço rural;

Competências a adquirir pelo discente

De acordo com a metodologia Sistema-Paisagem (MAGALHÃES, 2007 e 2013), considerando a paisagem como um sistema de sistemas, propõe-se um trabalho de reconhecimento de campo e levantamento de informação bibliográfica, fotográfica e cartográfica, não só sobre a história, sociedade e economia da região, mas também dos sistemas ecológicos (morfologia do terreno, hidrografia, tipo de solo, geologia e clima) cruzado com os sistemas culturais (infra-estruturas viárias, edifícios, equipamentos e património classificado), suportado por uma análise crítica da legislação em vigor ao nível dos instrumentos de gestão territorial (Planos de Ordenamento – Regionais, Municipais e Especiais, de Protecção Patrimonial, Rede Natura, Reserva Ecológica e Agrícola). 
Por outro lado, serão considerados os processos de apropriação humana do território e a capacidade intrínseca dos recursos disponíveis para responder às necessidades das suas comunidades locais, determinando-se a aptidão ecológica da paisagem à instalação de novos usos. Ao diagnosticar os riscos e impactos causados pelos actuais processos de ocupação humana, serão conhecidas as vulnerabilidades e potencialidades para o desenvolvimento de uma estratégia de repovoamento rural de um conjunto de aldeias em cada região.
O aluno que completar com sucesso o programa de trabalhos apresentado, de acordo com a referida metodologia, baseada nos conceitos de paisagem global, unidade de paisagem e cidade-região, irá adquirir competências de base para o desenvolvimento de propostas de requalificação do espaço rural, tendo em conta um conhecimento simultaneamente ecológico e cultural de paisagem, proporcionando bens e serviços de subsistência para as comunidades locais, aumentando a competitividade económica da região através de uma gestão integrada de recursos.

Bibliografia Principal
  • Araújo, I.,“O essencial sobre o litoral português”, Colecção Essencial 23, Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1985;

  • Barros, J. C.,“Realidade e Ilusão no Turismo Português: Das Práticas do Termalismo à Invenção do Turismo de Saúde”, Instituto Superior Ciências Sociais e Políticas, Lisboa, 2008;

  • Barros, J. C.,“A Projecção do Quotidiano no Turismo e no Lazer: O lugar dos Actores dos Contextos e dos Paradigmas”, Instituto Superior Ciências Sociais e Políticas, Lisboa, 2004;

  • Capel, H.,“La Morfologia de las ciudades”, Barcelona: Serbal, 2002;

  • Covas, A. & M. A.,“Caminho da 2.ª Ruralidade”. Ed. Colibri. Lisboa. 2012;

  • Covas, A. & M. A.,“A Grande Transição - Pluralidade e Diversidade no Mundo Rural”. Ed. Colibri, Lisboa, 2011;

  • Desantes, J. M.,“Teoría y técnica de la investigación científica”, Madrid: Síntesis, 1996;

  • Freitas, J.,“O litoral português na época contemporânea: representações, práticas e consequências. Os casos de Espinho e do Algarve (c. 1851 a c. de 1990)”. Doutoramento em História. Especialidade de História Contemporânea. Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2010;

  • Iria, A.,“Da Importância geo-política do Algarve, na defesa marítima de Portugal, nos séculos XV a XVIII”, Lisboa: Academia Portuguesa de História, 1976;

  • Lampreia, D.,“Por uma Política de Paisagem. A Propósito da Convenção Europeia da Paisagem” in SERRÃO, A. (coord.) Filosofia e Arquitectura da Paisagem. Um Manual. Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. Lisboa, 2012;

  • Magalhães, M.R. (coord.),“Estrutura Ecológica Nacional. Uma Proposta de Delimitação e Regulamentação”. CEAP-ISA-ULisboa, ISAPress, Lisboa, 2013;

  • Magalhães, M.R. (coord.),“Estrutura Ecológica da Paisagem: conceitos e delimitação, escala regional e local”, CEAP-ISA-UTL. ISAPress, Lisboa, 2007;

  • Magalhães, M.R.,A Arquitectura Paisagista – morfologia e complexidade. Editorial Estampa, Lda. Lisboa, 2001;

  • McLoughlin, J. B.,“Urban & regional planning: A Systems Approach”, Londres: Faber and Faber, 1970;

  • Moreira, C. D.,“Comunidades Azuis: características e Perspectivas da Frota da Pesca Local Portuguesa”, Instituto Superior Ciências Sociais e Políticas, Lisboa, 2004;

  • Moreira, C. D.,“Populações marítimas em Portugal”, Lisboa: Instituto Superior Ciências Sociais e Políticas, 1987;

  • Norberg-Schulz, C.,“Genius loci: paysage ambiance architecture”, Bruxelas: Deuxiéme Édition, 1981; 

  • Peralta, E.,“A Memória do Mar - Património, Tradição e (Re)imaginação Identitária na Contemporaneidade”, Lisboa: Instituto Superior Ciências Sociais e Políticas, 2008;

  • Ribeiro, O.,“Origem e evolução do urbanismo em Portugal” in Revista do Centro de Estudos Geográficos: Lisboa, 1945;

  • Rosa, I., Ribeiro, R.    “O Desempenho da Paisagem enquanto Construção da Arquitetura de Tradição em Portugal”. in DoCo 2012 – Documentazione e Conservazione del Patrimonio Architettonico ed Urbano. Vol. 5. Bologna, 2013;

  • Serrão, A. V. (coord.)    “Filosofia da Paisagem. Uma Antologia”, Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa: Lisboa, 2011

Bibliografia Complementar
  • CCDRC    Programas de Valorização Económica dos Recursos Endógenos (PROVERE), Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, 2010;

  • Pires, R. (Coord.), “Relatório Estatístico de Emigração Portuguesa”. Observatório da Emigração e Rede Migra Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL), 2014;

  • UNESCO, “Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural.” 17ª Sessão da Conferência Geral de Paris, 1972António Maria Marques Mexia

Apresentações finais do ano lectivo 2015/2016, nos municípios de:

  • Castro Marim

  • Faro
  • Olhão

  • São Brás de Alportel

  • Tavira

  • Vila Real de Santo António

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